quinta-feira, 29 de julho de 2010

Acento diferencial e o "novo" acordo ortográfico

Neste sábado que passou, dia 24/07/2010, um fato me chamou e muito a atenção. Eu estava navegando pela internet, quando entrei no site do Globo Esporte e me deparei com a seguinte matéria: “Atlético-MG tem dois expulsos, mas para o Avaí”. Ao ler isto, logo pensei: Este título está errado. Cadê o complemento da frase? Fiquei pensando em outra forma para completar essa frase, que parecia estar incorreta.

Foram segundos, quiçá minutos lendo e relendo este título. Até que logo depois, recordei do tal “Acordo Ortográfico” que entrará em vigor em 2012 e que exclui algumas modalidades de acento diferencial e trará novas mudanças na língua portuguesa. Embora eu já esteja usando algumas regras previstas neste acordo, não consegui me lembrar dessa ridícula alteração no acento diferencial.

A exclusão destas modalidades certamente é o pior equívoco deste acordo. A maioria das frases em que podíamos usar o acento diferencial, apresentarão ambiguidade. Preparem-se para ter muita atenção e paciência com a interpretação.

Pense na seguinte hipótese. Digamos que você é secretário de um médico. Você pede um favor para a telefonista deixando um bilhete em cima da mesa dela e que diz: “favor, perguntar ao Dr. o motivo de ele não ter atendido o paciente”. A telefonista faz a pergunta ao Dr. e logo após, deixa um bilhete em sua mesa dizendo: “falei com o Dr. e ele disse que não pode atendê-lo.”

No exemplo abaixo, você, caro leitor, conseguiu diferenciar se a telefonista quis dizer se o Dr não poderá atender o paciente porque está com a sua agenda lotada ou que ele não “pôde” atender o paciente, devido a sua falta de tempo?

Ou de repente, imagine que um amigo seu que está no exterior, no inverno, envia um e-mail para você dizendo: “quanta saudades do verão, gostaria de estar aí com vocês”. A sua resposta, nos moldes do Acordo Ortográfico será: “é, meu amigo, mas nem tudo é tão belo. Está chovendo há 3 dias e esta chuva não para para eu tomar banho de piscina”. Ridicularmente, teremos duas palavras com a mesma grafia e significados diferentes. Será, neste caso, possível a compreensão, mas convenhamos, ficará horrível.

A justificativa é de que a frase pode ser entendida pelo contexto. Mas será que pode mesmo? Algumas vezes, poderemos nos confundir. Se isso era para facilitar, espero que tenham a ciência de que na verdade serviu só para dificultar a nossa compreensão, como na situação que eu passei e que me motivou a escrever sobre isso e também na situação hipotética que criei.

Embora tenha gostado de algumas mudanças que teremos com este acordo, sou efetivamente contra a exclusão de alguns acentos diferenciais, algumas das alterações no emprego do hífen,  assim como a exclusão do acento agudo nos ditongos abertos das palavras paroxítonas. Mas, infelizmente, teremos que nos acostumar, ainda que este novo acordo esteja em período de vacância. O que nos resta é tentar ir adequando na nossa escrita, para que em 2012, estejamos afiados e acostumados.

Uma ótima quinta-feira a todos!

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