quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Uma homenagem à Otália Pereira (in memorian)

Caro amigo leitor. Hoje recebi uma triste notícia: a perda de uma pessoa que teve grande presença na minha infância e adolescência. Uma pessoa na qual eu aprendi muita coisa e serei eternamente grato. Infelizmente, tudo tem um defeito e o defeito da vida é que ela acaba. Nestas horas, as palavras não saem, portanto, quero deixar aqui um texto escrito por ela, no ano de 2002, sendo publicado na Folha de São Borja no mesmo ano, na qual ela faz menção a mim e que eu guardo na minha casa com muito orgulho:

Pensadores e inventores sempre afirmam que a capacidade de se surpreenderem e ficarem fascinados diante do Universo é fundamental para as descobertas que fazem. Pois é. E motivos para que todos se espantem é o que não falta nestes tempos de velozes mudanças.

Acompanhando um menino de nove anos, com acesso a algumas possibilidades oferecidas pela tecnologia avançada mas já popular, a surpresa é inevitável para quem quer analisar o perfil desse pós-moderno cidadão. É possível constatar em menos de meia hora que o contexto dele é bem diferente do que se observava há pouco tempo: assiste ao noticiário esportivo no jornal do meio dia e fica apreensivo com o seu time na copa Sul-Minas; com o tão familiar e companheiro controle remoto na mão, pesquisa a programação da Sky, comenta o que considera mais interessante; conversa com quem está perto sobre outros assuntos; ouve na rádio, ligado na sala ao lado, a programação do torneio Culturão e a hora do seu jogo (é goleiro); questiona sobre uns CDs de jogos para o computador e internet... E quando volta para o canal local da tevê, ao ver o comercial do Garota Verão, elogia a escolhida em São Borja.

Parece pouco esse exemplo tão corriqueiro para se surpreender e deslumbrar? Bem, e o que dizer da velocidade com que os dias, as semanas, os meses e os anos passam? Já estamos em 2002 e parece que há pouco todos se preparavam para o tão espero terceiro milênio, o ano dois mil.

E se mencionarmos as descobertas científicas que de tão numerosas já não causam tanta surpresa apesar de espantosas e inimagináveis pelos comuns, faltam tempo e espaço para comentários.
Mas apesar de tantos motivos para se encantar com o mundo e seus construtores, há muitos outros fatos que não causam alegria e é preciso conviver com eles. Aí também citamos os pensadores e inventores que nos orientam como fazer isso: auxiliar no que for possível para mudar a realidade, sem contudo se angustiar quando não puder fazer mais, pois a missão principal continua sendo a de ser feliz.

E em se tratando de diversão, também não se pode ficar indiferente à demonstração de bom humor e criatividade inteligente de tantos que se divertem e fazem o outro rir com aparente simplicidade. É o caso dos comerciais para a tevê, por exemplo. Em alguns, o imaginário fantástico sai do literário para telinha, revistas e jornais com ares da mais pura realidade, como aquela em que os personagens se integram ao cenário bem brasileiro da praia de todo litoral ensolarado.

São essas multipossibilidades que continuam fascinando o nosso mundo. São também a comprovação de que a vida é realmente um rio em eterno movimento trazendo as mudanças esperadas e inesperadas. Mas sempre oferecendo a oportunidade de se aprender sem perder a esperança de que é possível acompanhar pelo menos em parte tudo o que ela nos oferece. A surpresa e o encantamento ficam por canta de cada um da platéia.

Esta será a minha eterna lembrança desta fantástica pessoa. O apreço que eu tinha por você fez com que eu guardasse este texto com muito carinho. Hoje, infelizmente, você não está mais aqui conosco, mas continuará para sempre em nossos corações e nas nossas memórias. Vá com Deus, Otália Pereira!

Um comentário:

  1. Caro João.
    Sou filha de uma irmã da Otália, da cidade de Santa Rosa. Soubemos do ocorrido hoje, por notícia publicada no jornal Zero-Hora. Imediatamente pesquisei na internet a confirmação da notícia e acessei seu blog. Muito me emocionou a sua homenagem. Minha família e a Otália não tinham contato há anos, não por desavenças, mas por uma peculiar história familiar. No entanto, nosso carinho por ela é imenso. Sempre soube do encantamento que ela tinha pela escrita e o texto que li acima comprova que ela foi uma artista das letras.
    Att
    Maria Inez F. Pedroso (mzeni@ibest.com.br)

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